Maranhão

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Um Olhar sobre a Missão Salvatoriana no Maranhão
Pe. Antonio Gomes de Pontes Neto,sds.

O aspecto missionário encontra-se inerente ao ser salvatoriano, uma vez que a vida apostólica é uma herança deixada pelo fundador da família salvatoriana, o Bem-Aventurado Pe. Francisco Maria da Cruz Jordan.
Seguindo esse espírito missionário os salvatorianos brasileiros ensaiaram no início da década de 1990 uma missão ad gentes, tendo a África como destino. No entanto, um cenário de guerra civil e outros impedimentos ceifaram naquele momento esse anseio.

Como no Brasil, a Diocese de Brejo - MA teve o seu pastoreio, desde a sua criação, confiado aos salvatorianos ordenados bispos, a saber, Dom Afonso de Oliveira Lima (in memoriam) e Dom Valter Carrijo, houve durante muitos anos a presença de religiosos e padres salvatorianos eventualmente, a convite dos respectivos bispos para ocasiões pontuais.

Mas essa colaboração eventual ganhou mais solidez quando se escolheu assumir um compromisso maior e melhor definido a partir de 1994, com o envio do Pe. Waldenir Ferreira Pires, sds, como primeiro salvatoriano a buscar fixar-se num apostolado específico na Diocese de Brejo.

Até que, após um determinado período meio nômade de reconhecimento da realidade, atendendo na cidade de Magalhães de Almeida- MA, entre outras atividades, a presença foi ganhando a necessidade de se assumir um local fixo.

Em 1996 se deu a definição de que os salvatorianos iriam residir na cidade de Coelho Neto-MA, mas com a responsabilidade de assumirem não apenas a Paróquia dessa respectiva cidade, mas também as Paróquias vizinhas de São José de Duque Bacelar e de Santa Luzia de Afonso Cunha.

Para formar a comunidade religiosa salvatoriana local, no mesmo ano o Pe. Álvaro Macagnan, ainda estagiário, veio residir em Coelho Neto, permanecendo alguns anos após ter ocorrido a sua ordenação sacerdotal. Também foi enviado o Ir. Paulo Vicençoti para auxiliar na pastoral e nas atividades da comunidade.

De lá pra cá se viveu um período de difícil adaptação. Mas nada os intimidou a levar a bom termo inúmeras iniciativas, tais como: a construção de inúmeras capelas nos bairros; a construção ou reforma de centros pastorais e de catequese; a regularização de imóveis da diocese e terrenos das Paróquias; a formação de novos agentes de pastorais; as visitas às famílias, mediante o envio de seminaristas, de religiosos professos no período das férias escolares de julho, de leigos e de religiosas salvatorianos; o melhor atendimento nas comunidades rurais, aumentando de uma para três as visitas anuais nos povoados; uma melhor assistência religiosa e sacramental, em mais horários semanais e dominicais na área urbana; a utilização dos meios de comunicação para evangelizar através da participação em programas nas rádios locais e da criação da rádio comunitária de Duque Bacelar, a criação de grupos da Associação do Divino Salvador (ADS) em Coelho Neto e Duque Bacelar, de implantação de inúmeros projetos de geração de emprego e renda, de assistência social aos mais carentes.

No ano de 2006, as Irmãs Salvatorianas vieram fixar moradia na cidade de Duque Bacelar, fortalecendo a presença do carisma salvatoriano nessa região missionária e assumindo em meados de 2011 a 2013 além da dimensão pastoral também a administrativa da Paróquia.
Hoje, decorridos 25 anos desde a chegada do primeiro missionário, faz-se necessário um momento de gratidão pela história escrita e pelos vários salvatorianos que passaram nessa região deixando as marcas da evangelização.

Os padres salvatorianos ainda mantêm desde 1996 a tarefa do atendimento das três Paróquias, situadas nesses três municípios distintos da região do leste maranhense, denominada de Baixo Parnaíba.
Hoje essas Paróquias já possuem uma população maior e um crescente aumento no número de comunidades rurais e urbanas, carentes de atendimento frequente e contínuo.

A população estimada das cidades, conforme a estimativa do IBGE para 2018 assim foi apresentada: Coelho Neto: 49.246 habitantes; Duque Bacelar: 11.296 habitantes e Afonso Cunha: 6.469 habitantes.
Dessas cidades, apenas Coelho Neto se destaca como sendo mais desenvolvida no comércio e geração de emprego e renda, possuindo a maior parte da sua população residindo na área urbana.

As demais possuem a maior parte da população na área rural.
No entanto, Duque Bacelar se diferencia pelo fato dos moradores serem proprietários de suas terras, ao contrário das outras duas nas quais a população rural vive nas terras de poucos donos e dependem muito da renda das aposentadorias, dos programas sociais, de um tímido e inexpressivo comércio, bem como do serviço público.

A maioria dos habitantes das três cidades se declara católica.  

Realidade Pastoral
Paróquia de Sant´Ana de Coelho Neto:
Possui 45 capelas: 29 comunidades na zona rural e 16 na área urbana.
No entanto, como a população reside predominantemente na área urbana é maior a necessidade da presença religiosa nos bairros.

É uma Paróquia melhor estruturada pastoral e financeiramente. 
Há grupos de leigos salvatorianos e muitas lideranças responsáveis e comprometidas nos grupos, nas pastorais e nos movimentos.

Paróquia de São José de Duque Bacelar
Possui 30 capelas: 26 comunidades na zona rural e 04 na área urbana.
Apesar da presença das Irmãs Salvatorianas em Duque Bacelar desde o ano de 2006, até mesmo assumindo a parte administrativa em meados do triênio de 2011 a 2013, não se resolveu a necessidade da presença dos padres para o atendimento sacramental, principalmente.

Paróquia de Santa Luzia de Afonso Cunha.
Possui 18 capelas: 16 comunidades na zona rural e 02 na área urbana.
A Igreja de Santa Luzia situada na cidade de Afonso Cunha – MA foi elevada à categoria de Paróquia no dia 02 de agosto de 1975, pelo Decreto n. 06 da Diocese de Brejo – MA, emitido pelo bispo diocesano D. Afonso de Oliveira Lima, SDS e o pastoreio da mesma foi confiado inicialmente ao Pe. José de Freitas Costa. 

A nova Paróquia de Santa Luzia foi desmembrada da Paróquia Sant´Ana de Coelho Neto – MA, obedecendo a mesma divisão civil existente entre os municípios de Coelho Neto e Afonso Cunha.
Desde a sua criação, a Paróquia de Santa Luzia foi atendida pelos párocos e vigários de Sant´Ana de Coelho Neto-MA, sem possuir sacerdotes ou religiosos (as) residindo na casa paroquial, adquirida através de doação da Prefeitura no dia 15 de abril de 1988, pelo decreto lei municipal 076/88. 

O primeiro padre salvatoriano a assumir a Paróquia, mesmo residindo em Coelho Neto, designado pela Província Salvatoriana Brasileira foi o Pe. Waldenir Ferreira Pires, sds, cujo período nessa missão foi de 30/03/1996-22/03/2005. O mesmo implantou os grupos das capelinhas da Mãe do Salvador para a reza do terço nas famílias, ainda existentes, bem como construiu o centro pastoral com a presença e a contribuição de leigos provenientes da Itália. 

Sucederam-lhe os Párocos: Pe. Jovanês Vitoriano, sds (22/03/2005-31/01/2011), responsável principalmente pela implantação da Pastoral do Dízimo; Pe. José Carlos Ferreira da Silva, sds (03/04/2011- 15/08/2018) reconhecido pela presença mais eficaz e assídua na visita às comunidades e atualmente o Pe. Antonio Gomes de Pontes Neto, sds, desde 15/08/2018.

O Pe. Antonio Neto, em diálogo com o bispo diocesano D. José Valdeci Santos Mendes e com o Provincial Salvatoriano, Pe. Álvaro Macagnan, sds, diagnosticou a necessidade da presença de uma comunidade religiosa para morar na casa paroquial e acompanhar as comunidades nas dimensões pastorais e administrativas. O senhor bispo, D. José Valdeci, solícito aos apelos da realidade, convidou as Irmãs de Jesus Crucificado Missionárias Franciscanas e confiou-lhes essa missão importante a ser realizada a partir de agosto do corrente ano.

Além da Igreja Matriz, há praticamente 17 comunidades que celebram as festas anuais de seus padroeiros. 
Há carência de conselhos na maioria das comunidades e as terras e capelas não pertencem à Diocese, e sim aos membros de algumas famílias, tradicionalmente.

Considerações Finais

Levando-se em conta o que foi apresentado, hoje se faz necessária uma avaliação sobre o  redimensionamento dessa vasta terra de missão, uma vez que atualmente há apenas 02 padres (e ainda com outras atribuições que exigem tempo, deslocamento e ausências do seu campo de ação) designados para o atendimento desse universo de 93 localidades para serem acompanhadas regularmente.

Luzes e Sombras:
1. Quando se abriu essa missão não havia o projeto Moçambique, o qual hoje requer mais padres, investimentos e custo;
2. Há necessidade da permanência dos Salvatorianos nessas 03 cidades, fato que as demais congregações presentes na Diocese não fazem, concentrando-se apenas em uma, a exemplo dos Redentoristas?
3. Há membros disponíveis na Província para reforçarem esse atendimento, caso se escolha manter como está? 
4. Haverá recursos financeiros para arcar como mais um padre nessa região, caso haja confrades para completarem o trio necessário?
A partir dessas informações, o XXX Capítulo Provincial que se aproxima deverá refletir sobre os encaminhamentos práticos em vista de uma solução para essas questões apresentadas.