Mês do coração de Jesus

06.Junho.2018
 

Como católicos, temos uma meta: a santidade. Devemos, por convite do Senhor, caminhar para pensar, sentir e atuar cada vez mais como Ele.

Ao longo da História da Igreja escutamos frases como: Seguir Cristo, Imitar Cristo, Configurar-se a Cristo, Conformar-se ao Cristo. Acredito eu que, para chegar a esta meta, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus possa ser muito importante. Esta devoção, também, é lembrada e comemorada com uma Festa litúrgica. Sabia que esta Festa foi um pedido explicito do próprio Cristo a Santa Margarida Maria de Alacoque? Sim, o Senhor expressou isto à santa em junho de 1675!

Pensemos, primeiramente, sobre o conceito de Coração. O coração é uma parte física do corpo humano, onde, poeticamente, diz-se que têm lugar as emoções, os desejos, os afetos, as atitudes, os sentimentos do ser humano, sempre relacionados, é claro, com a mente humana. Assim o coração representa a parte mais elevada da alma, onde a pessoa interioriza e decide os temas mais importantes de sua vida.

Embora a origem da Devoção ao Sagrado Coração tenha sido promovida por algumas revelações privadas, esta devoção tem sua raiz e seu fundamento nas Sagradas Escrituras.Desde o Antigo Testamento, vemos quando Deus, por meio de Moisés, deixou explícito que temos que amá-lo com todo o nosso coração , e posteriormente deixou, também, explícito que Ele, sabendo que nossos corações são limitados, prometeu renovar, transformar, nossos corações de pedra em corações de carne . No Novo Testamento, encontramos referências sobre o coração tanto na vida do Senhor Jesus como na de Sua Mãe, Maria Santíssima.

Santa Margarida Maria de Alacoque (1647-1690) e São João Eudes (1601-1680)

Embora Santa Margarida seja mais conhecida a respeito desta devoção, quase na mesma época houve um outro santo que também teve a inspiração e desenvolveu muito a reflexão sobre o Sagrado Coração de Jesus.

São João Eudes nasceu em Re, França. Na realidade, foi ele o primeiro a querer estabelecer a Festa – 30 anos antes que Santa Margarida, no ano de 1672, um ano antes da primeira manifestação do Sagrado Coração a ela. São João Eudes foi um incansável promotor da devoção dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Ele distinguiu em Jesus três corações – que na realidade são um mesmo coração: o coração corporal (deificado pelo Seu sagrado corpo), o coração espiritual (amor ao Pai, à sua Mãe e a todos nós), e o coração divino (amor divino de Jesus: Espírito Santo). São João Eudes via como muito valiosa a união do coração de Jesus com o de Maria, e por isso às vezes se referia a eles no singular: “o coração de Jesus e Maria”, em vez de falar “corações”. Não penso que seja uma coincidência que, durante o seu pontificado, São João Paulo II tenha falado com muita frequência sobre os Corações unidos de Jesus e Maria. No ano de 1986, por exemplo: “Ao nos consagrarmos ao Coração de Maria, descobrimos o caminho seguro que nos leva para o Sagrado Coração de Jesus, símbolo do amor misericordioso de Nosso Salvador”.

Nesse mesmo século, o Senhor manifestou mais claramente este desejo de instituir uma Festa dedicada ao Seu coração, para que assim compreendêssemos melhor o mistério do Seu amor, e por isso Santa Margarida Maria de Alacoque (que nasceu na Borgonha, França) recebeu por graça as Aparições do Sagrado Coração de Jesus, nas quais Jesus lhe explicou que o amor do Seu coração devia estender-se e manifestar-se a todos os homens: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia”. Jesus também disse à santa: “Peço que na primeira sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi, se celebre uma Festa especial para honrar meu Coração, e que se comungue nesse dia para pedir perdão e reparar os ultrajes por ele recebidos durante o tempo que permaneceu exposto nos altares. Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada.” “Meu Coração reinará apesar de meus inimigos”.

Após as aparições, a Santa, junto com o jesuíta São Cláudio de la Colombière, seu diretor espiritual, propagaram as mensagens do Sagrado Coração de Jesus.

Podemos concluir dizendo que São João Eudes foi importante para desenvolver a “doutrina dos corações sagrados”, e sua obra ajudou para que depois Santa Margarida Maria de Alacoque, com as aparições e visões, confirmasse esta Festa.

Dante Carrasco Aragón, membro Sodalício
Fonte: A12